11 de maio de 2013
Resenhas

Leminski, a poesia nas alturas!

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Nas últimas semanas, tivemos uma surpresa na cena literária brasileira com o livro Toda Poesia, de Paulo Leminski, entre os mais vendidos. Leminski desbancou todos os livros estrangeiros da série Cinquenta Tons, como Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons de Liberdade e Cinquenta Tons Mais Escuros.

Com a “estrangeirização” das livrarias brasileiras e a febre por títulos internacionais, ver um autor nacional no topo das vendas é surpreendente — não pela qualidade de Leminski, que é inquestionável, mas por se tratar de um livro de poesia. O feito virou notícia em diversos portais da mídia e até ganhou um texto no blog de Caetano Veloso. Caetano afirma em seu texto:

“(…) Ouvir dizer que um livro de poemas está vendendo assim no Brasil é escândalo. Tínhamos aprendido que poesia não vende. Exceto talvez na Rússia. No Brasil então… (…)”

Aí me vem a pergunta: Não se vende poesia no Brasil porque ninguém lê, ou não se lê poesia porque não se vende? Eis uma questão que talvez não tenha resposta definitiva. É óbvio que só se vende o que se consome, mas de que forma estão disponibilizando a poesia para ser consumida? Será que estão apresentando Leminski nas escolas? Será que estão lendo poesia em sala de aula? Talvez falte isso.

Hoje, na internet, há um boom — já de muitos anos — com a poesia, desde os tempos da rede social Orkut. Agora, esse movimento continua no Facebook e nos blogs. Eu mesmo faço parte dessa vertente e passei a ter contato com outros poetas por meio dessas plataformas. Não sei se as pessoas estão tendo seu primeiro contato com a poesia através da internet, mas o meu não foi.

Meu primeiro contato com poesia foi em casa, através de um livro que encontrei na casa da minha avó — um livro de Cruz e Sousa. Ali, passei a admirar a poesia e a desejar escrever como Cruz e Sousa. Depois, conheci poetas como Camões, Bocage, Olavo Bilac, Castro Alves, Vinicius de Moraes, Florbela Espanca e muitos outros que continuo lendo. Meu contato com a poesia não foi na escola — e, quando houve, foi bastante superficial.

Talvez falte falar mais sobre poesia, despertar o interesse das pessoas. Ela está escondida nos porões das redes sociais e dos blogs. Mesmo os poetas mais bem-sucedidos (falo em termos de alcance) ainda são poucos. As editoras não investem na nova safra de ótimos poetas que estão por aí. Mas isso é assunto para outro texto — e com certeza falarei sobre os novos poetas.

Voltando a Leminski: outro dia, conversando com minha amiga e poeta Vivi Mariano (sugiro visitarem o blog dela, Extravio de Mim), que havia comprado justamente esse livro, confessei que minha passagem por Leminski foi superficial. Nunca me aprofundei em sua obra, mas pretendo fazê-lo agora que meu interesse foi despertado.

Paulo Leminski veio do concretismo, foi entusiasta do movimento beatnik, e era também músico, letrista, biógrafo (olha a coincidência: ele escreveu a biografia de Cruz e Sousa), romancista, tradutor, produtor musical e poeta. Ufa! Leminski era camaleônico.

Fico feliz que a arte poética esteja sendo consumida e desbancando livros estrangeiros. Aliás, nenhum desses me desperta interesse — sinceramente. Espero que, por meio de Leminski, descubram os novos poetas que estão loucos para serem lidos. Viva Leminski! Viva a poesia!

Tulio Rodrigues

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